Embora já tenha sido quebrado o mito da perfeição do pai e da mãe, sobretudo, com os estudos da Psicanálise e outras abordagens que estudam a psicologia humana e o comportamento, ainda encontro um número elevadíssimo de filhos que estão frustrados com os seus pais. É como se os filhos não esperassem certas atitudes e comportamentos dos pais, questionando a forma que eles são e como agem.
Inevitavelmente, quando os filhos se deparam com as incompletudes dos pais, esse mito da perfeição dos progenitores cai por terra. Entretanto, por mais compreensão, mais estudos, mais tratamentos que existam para contornar ou aliviar com o sofrimento de conviver com pais destrutivos, ainda não tem sido suficiente.
Recentemente, quando publiquei algo nas redes sociais, incentivando que se coloque limites para os filhos na educação infantil, sobretudo, alguém questionou de forma muito apropriada: – E sobre os pais que passam dos limites com os filhos?
Considerei essa observação de fato muito relevante. Eu lido com isso nos atendimentos em grupos e individuais: filhos que adoecem na alma por conta da decepção com os seus pais ou com um dos pais.
É preciso fazer algumas observações: existem situações em que os pais estão adoecidos, precisam de um tratamento psiquiátrico, necessitam de uma intervenção e de um acompanhamento psicológico, carecem de ajuda. São pessoas comuns, estão sujeitas aos mesmos problemas e dificuldades como todos nós. Não é porque são os pais é que eles estão isentos de imperfeições.
É curioso e uma constatação dessa imperfeição aparece até no Novo Testamento. Lá existem duas citações chamando a atenção dos pais a “não provocarem os filhos à ira”. Muitos pais não atendem a essa recomendação e, como disse antes, seja por adoecimento psíquico ou por outras razões mais profundas.
Mas, como lidar com os pais destrutivos? Isso é um desafio para os filhos e você, independentemente, de quem sejam seus pais e do comportamento deles com você, deve ter uma atitude de gratidão porque foi através deles que você chegou ao mundo e isso não pode ser jamais alterado; e, caso alguém tente alterar isso, terá grandes sofrimentos. Em seguida, após honrá-los, mantendo uma atitude de gratidão contínua, ou seja, todos os dias, sentir-se pequeno e agradecido porque os pais são os canais da vida para você; num segundo momento você precisa descobrir uma distância segura para conviver com os seus pais. Não se trata de abandoná-los, trata-se de você preservar a sua saúde, a sua dignidade, manter seu laço de pequeno com o seu pai e com sua mãe, porque eles são grandes no sistema familiar e isso nem sempre é fácil de fazer, mas, é importante que você encontre um ponto de equilíbrio para não ser destruído pela amargura que toma conta do seu coração quando observa, com muita tristeza e decepção, o que não gostaria que seus pais fossem, mas que por razões desconhecidas, eles são daquela maneira.
A vida que você tem, veio através dos seus pais. Agradeça a eles no silêncio do seu coração e também no silêncio do seu coração, procure encontrar a distância segura para conviver com essas pessoas maravilhosas que têm limites e algumas dificuldades para cuidar e tratar bem dos seus filhos e apresenta o risco de tentar destruí-los com suas palavras, mãos e atitudes. (Aluísio Alves: Psicanalista, Doutor em Educação Médica, Constelador Sistêmico, Executive Coach, Treinador Comportamental).