Gosto muito de arco e flecha e quando pratico esse esporte, lembro-me da imagem maravilhosa criada por Khalil Gibran na qual os pais são comparados aos arcos e os filhos às flechas.
Por amor, um amor que adoece, existem pais que se recusam a lançar seus filhos no mundo e permitir que voem como flechas poderosas em direções que os próprios filhos escolham, impulsionados pela ancestral força que passa pelos pais, porém, não vem deles, vem de muito mais longe nas linhagens familiares.
Pais que protegem demais estão represando a força que vem dos antepassados e impedindo que ela chegue aos seus filhos.
Pais que protegem demais, mesmo que não percebam ou concordem com isso, estão criando filhos sem força para viver, enfrentar desafios, replanejar o que não deu certo e recomeçar.
Pais que protegem demais, mesmo que não admitam, estão criando filhos que se recusam a fazer o esforço necessário para abraçar a vida e dançar a dança existencial com seus movimentos que exigem tirar os pés do chão para rodopiarem pelo grande salão da realidade com suas inevitáveis alegrias e tristezas.
Pais que protegem demais, mesmo que resmunguem ou protestem, são arcos sem força de propulsão, afrouxam seus cordões para que os filhos fiquem perto, desperdiçando sua grande energia realizadora que só vem à tona pelo choques com as barreiras da vida, com os obstáculos a serem superados e pelo calor do fogo dos problemas que derretem a autopiedade e a falsa sensação de fragilidade.
Os filhos sem força para viver, inconscientemente, estão presos em padrões mentais baseados num comportamento de eterna criança, fraca, incapaz e totalmente dependente daqueles que os protegem demais.
A pergunta é direta: por quanto tempo os pais que protegem demais estarão vivos para continuarem sua insana e desnecessária tarefa?
Filhos sem força para viver desenvolvem, ainda que não pensem nisso ou tenham intenção consciente, uma arrogância tremenda em relação à vida e iludidos pela autossuficiência que não têm, agem como se a vida fosse algo que pudessem usar como quiserem ou dela se desfazerem na hora em que as primeiras frustrações aparecerem.
Por tudo isso é que a imagem criada por Khalil Gibran pode inspirar os pais que protegem demais e os filhos sem força para viver a assumirem seus papeis tão poderosos: do arco que lança as flechas para o infinito e das flechas que desejam apenas um impulso forte para voarem na direção dos seus destinos maravilhosos.
Definitivamente, a humanidade está precisando com urgência de pais que protejam menos e de filhos com mais força para viver! (Aluísio Alves: Psicanalista, Terapeuta Sistêmico, Pós-Doutorando em Educação, Doutor em Educação Médica, Hipnose Clínica, Mentoria de Líderes e Equipes).
Sensacional….me animou alhures a fazer um curso de formação em constelação familiar…