Gaia é um nome ancestral e presente nas mitologias grega e romana, mas, seu ponto mais relevante em ambas narrativas é a de ser considerada a Grande Mãe.

Quando lemos textos antigos a respeito da Grande Mãe, Gaia, percebemos referências à energia da da existência, é uma poderosa representação da unidade e da força interativa da vida em todos os seus reinos. Gaia é uma Deusa que representa a Mãe Terra.

Na complexa mitologia grega, que é uma grande fonte para despertar a percepção dos aspectos simbólicos presentes em nossa mente inconsciente, Gaia passa por muitos desafios e sofrimentos terríveis, inclusive algumas pesadas passagens em que carrega filhos no seu ventre. Muito significativo, principalmente, na atualidade, para nos darmos conta do quanto é pesado o ser mulher e o ser mãe numa sociedade cada vez mais dilacerada pela falta de reflexão. Nem estou me referindo ao já denunciado machismo que continua sendo um mal a ser tratado em todos os setores, mas, é sobre a estupidez da forma como a mulher é vista e tratada na sociedade. Muitos podem pensar e falar, com certa razão, que a mulher já alcançou posições significativas e que, enfim, melhorou muito a situação da mulher se comparada com tempos passados. Isso é, ao mesmo tempo, meia-verdade e um perigoso estímulo à acomodação de todas as pessoas que – cada uma a seu modo – contribuíram e contribuem para construir relações de igualdade e eliminar todas as formas de violências.

Gaia ainda sente muita dor e sangra de tristeza pela estupidez e falta de discernimento. Gaia quer mais do que conta-gotas de esperança porque o tempo é uma constante  a desnudar nossa falsa intelectualidade ou o frágil e ralo tecido que veste nossa arrogância em pensar e falar que tudo está bem melhor para as mulheres, e, de modo especial, para as mulheres-mães. As realidades não confirmam isso…

Enquanto o comércio estipula datas para celebrar a mulher e a mãe, é preciso que eu e você tenhamos marcado em nossos calendários internos a manifestação de gestos e atitudes que expressem nosso olhar de preocupada gratidão com esses seres que, a despeito de toda a parafernália tecnológica e científica, têm um lugar na dinâmica da vida e uma função para cada ser humano: o lugar é de ser um portal para permitir o acesso ao mundo e a função de permanecer em seu lugar de grande para os filhos porque, por mais modernidades e pós-modernidades que se anunciem, toda Mãe sempre será grande e todo filho, pequeno.

Toda e qualquer semelhança de Gaia, a Deusa-Mãe, com a Mulher-Mãe não é mera coincidência, é o reflexo do espelho existencial na vida cotidiana, em todas as tribos da Terra e em todas as agendas do presente e do futuro. (Aluísio Alves: Psicanalista, Terapeuta Sistêmico, Pós-Doutorando em Educação, Doutor em Educação Médica, Hipnose Clínica, Mentoria de Líderes e Equipes).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *