Muitos médicos de diversas especialidades e outros profissionais de saúde entendem que a espiritualidade deve ser vista como um ponto fundamental para a preservação ou recuperação da saúde. O que tem levado esses profissionais a valorizarem tanto a espiritualidade?
Existe uma quantidade razoável de estudos e pesquisas que demonstram que pensar, sentir e querer, quando contextualizados no desenvolvimento integral do ser humano, abrem a possibilidade de um caminho interno com imensas possibilidades de ampliar a resiliência. E o que e resiliência? São vários conceitos publicados e todos, de maneira geral, se apoiam corretamente nos conhecimentos da física de materiais, entretanto, neste breve estudo, entenderemos resiliência como a força do espírito.
Como assim, resiliência como sinônimo de força do espírito? Diante dos constantes choques, desafios e desvios a que é submetido por meio de problemas, adaptações necessárias, doenças e uma sensação de não pertencer eternamente a esta realidade impermanente, o espírito tem a capacidade de retomar a sua verdadeira natureza de ascensão, de buscar sempre o alto e o que eleva.
O ego é diferente porque é a partir dele que nascem os apegos, neuroses, sofrimentos e desejos transitórios, portanto, uma fonte permanente de doenças que afetam profundamente as várias dimensões do ser, ou seja, o corpo, a mente e a emoção, dificultando obter maior resistência aos desafios e adversidades da vida. É claro que são muitas as abordagens feitas sobre o que seja o ego e cada tradição filosófico-espiritualista o apresenta sob roupagens ou descrições diferentes, porém, o ponto em comum é que consideram ser importante diferenciar o ego da essência humana.
Nem sempre o que enfraquece a pessoa é a doença, mas, como se comporta diante dela, sua atitude perante os momentos em que a saúde passa por instabilidades. E é exatamente na atitude para lidar com os desafios na saúde é que a resiliência como força de espírito entra em cena. A pessoa que tem uma atitude fraca e derrotista tem a tendência de sofrer mais e sucumbir diante dos problemas de saúde. A pessoa que é resiliente, que manifesta uma força de espírito, uma atitude de dignidade e altivez sem arrogância, sem procurar culpados e nem achar que não deveria passar pelo que está passando, encontra boas soluções, curas, e, acima de tudo, aprendizados com os problemas ou ausência de saúde.
Percebo diariamente nas pessoas a quem atendo e nas mensagens e perguntas que são encaminhadas para mim, o quanto é necessário e urgente desenvolver a resiliência por meio do cultivo da espiritualidade, do movimento em direção ao sagrado para encontrarmos um sentido mais profundo para a vida que é, ao mesmo tempo, tão curta, mas, também, suficiente para aprendermos a lições que nossa essência precisa para seguir com felicidade e saúde.
E cada pessoa tem uma tendência, como disse no início deste estudo: algumas são mais racionais, portanto, seu caminho é o da reflexão; outras se caracterizam mais pelo sentir, assim, seu caminho vai mais para a emoção e, ainda, tem as pessoas que trilham a senda da vontade e tem, naturalmente, a tendência do esforço e da busca. Qual caminho é melhor? Nenhum, porque todos fazem parte dos movimentos do espírito e cada caminho serve para a evolução pessoal e a ampliação da resiliência e da saúde integral.
A resiliência, ou seja, a força de espírito para retomar o fluxo da vida, apesar dos problemas, barreiras e limitações, é essencial para que, conforme percebem os mais respeitados profissionais da saúde, para a preservação e a recuperação da saúde em todas as dimensões, incluindo o físico, o mental, o emocional, o relacional e o espiritual. (Aluísio Alves: Psicanalista, Terapeuta Sistêmico, Pós-Doutorando em Educação, Doutor em Educação Médica, Hipnose Clínica, Mentoria de Líderes e Equipes).