Umas das minhas professoras a quem admiro e a quem sou grato eternamente ensinava que “nem tudo o que a gente fala é verdade”… no início, achava isso muito estranho e não concordava… só depois de um bom tempo é que compreendi.
Nossos pensamentos são especialistas em contar histórias, inventar versões e formas de expressar que, em muitos casos, apenas significam os nossos desejos de como gostaríamos que fossem as coisas, algumas pessoas e nós mesmos… por isso, “nem tudo o que a gente fala é verdade”.
Nesse estranho jogo mental, entram os mitos que escondem ou tentam esconder algumas realidades e, ao mesmo tempo, criam ou tentam criar narrativas totalmente diferentes da verdadeira história, dos sentimentos e das experiências reais de vida.
Nessa dinâmica entra também o mecanismo de defesa que, por meio de fantasias ou criações da mente, buscam proteger nosso mundo interno de sofrimentos ou de expor nossas fragilidades, erros ou imperfeições.
A questão se agrava quando se trata de trazer essas “não-verdades” para a terapia profunda, uma vez que serão necessários movimentos para olhar diretamente para o que está oculto, o que está por trás dos sintomas, doenças e outros sofrimentos no corpo, na emoção, nas relações e no campo tão particular que é a espiritualidade.
Outro grande desafio é quando a pessoa passa a acreditar e a viver conforme as construções mentais, as versões distorcidas que conta para os outros e para si. Quando a pessoa passa a conduzir sua vida – mesmo sem se dar conta disso – em desacordo com a realidade objetiva, que todos que convivem com ela percebem diretamente, o sofrimento tende a aumentar e o tratamento pode se tornar mais demorado ou dificultado pela resistência da própria pessoa.
A idealização de uma profissão ou de um empreendimento, por exemplo, quando pouca coisa está dando certo, mas, a pessoa continua contando uma história que não é verdadeira apenas para camuflar as decisões equivocadas ou mesmo quando um negócio não está dando certo por razões que não dependem dela, essa insistência pode indicar uma relação doentia com a carreira ou com o ramo de negócios em que entrou.
A invenção de uma história que serve para justificar a permanência num relacionamento amoroso tóxico, destrutivo, sem amor e sem vínculos reais é uma das formas muito usadas para negar que é preciso tomar alguma atitude concreta e parar de repetir explicações ou narrativas que não se apoiam na realidade. Muitas e repetidas vezes, a submissão desumana a um relacionamento claramente doentio, é justificada em nome de filhos, de valores familiares, de preceitos religiosos, de uma duvidosa dependência material e, por se negar a olhar e resolver tais situações, a pessoa só vai agravando a própria saúde em todos seus aspectos.
‘Nem tudo o que a gente fala é verdade”, por isso o autoconhecimento, a busca da liberdade plena e a autovalorização são recursos poderosos para se conquistar e construir uma vida com mais qualidade, livre de mitos que valha os sacrifícios e as entregas pessoais a projetos, metas e objetivos. Uma vida sem projetos, desejos, sonhos, metas e objetivos não é algo que verdadeiramente pode ser chamada de vida…
O propósito deste estudo é chamar para a reflexão sobre o quanto de verdade falamos para nós, para os outros e para a existência, afinal, os nossos pensamentos são especialistas em contar histórias, inventar versões e formas de expressar que, em muitos casos, apenas significam os nossos desejos de como gostaríamos que fossem as coisas, algumas pessoas e nós mesmos… por isso, “nem tudo o que a gente fala é verdade”.
E aí, o que você pensa, sente e diz a respeito disso? (Dr. Aluísio Alves, Terapeuta e Doutor em Educação Médica: atende online, presencial em consultório e grupos terapêuticos. Agende pelo WhatsApp (35)988537100 ou contato@aluisioalves.com.br)