Você fica se perguntando se seu aperfeiçoamento é um movimento que vem de dentro ou de fora do ser.
Você já ouviu, desde quando era criança, que o ser se aperfeiçoa ou muda para melhor pelo amor ou pela dor…mas, o que é se tornar melhor? Em que o ser pode se aperfeiçoa?
Se você concluir que o aperfeiçoamento vem de dentro do ser, para que serve, então, os acontecimentos externos?
Se você, por outro lado, chegar à conclusão de que o aperfeiçoamento vem de fora, então, isso quer dizer que o ser é passivo e nada é capaz de fazer para se melhorar?
Como se dá conta agora, compreender essas dinâmicas não é tão simples como parece, pelo menos para a cabeça…
Se você passasse a ter plena certeza de como acontece a lapidação do ser, o que isso mudaria em sua postura interna e na sua forma de interagir com os outros e com o mundo?
A lapidação a que me refiro, você já percebeu, é o aperfeiçoamento do ser e, mesmo que aconteça pela interação de processos internos e externos, não é, – como muitos imaginam e falam -, algo agradável… agradáveis são seus resultados na expansão da consciência, mas, é algo doloroso porque implica em retirar a teia gosmenta e pegajosa dos pensamentos que trafegam sem parar na mente… e a mente desgovernada e tagarela como é em seu estado bruto, antes de ser disciplinada, em nada ajuda na lapidação do ser…
Lapidação é fricção, é aparar arestas, é arrancar pedaços… é colocar em risco o que está sendo lapidado…mas, é esse e não outro o trilho do aperfeiçoamento e do crescimento… por isso e muito mais, dói… também é um dos motivos secretos que justificam a indisposição dos que fogem da lapidação… “Ah!, se essa lapidação fosse só por meio do amor!!”, suspiram os que se recusam a confiar nas mãos habilidosas dos lapidadores: o mundo, a herança interna e o tempo…
Em determinado ponto da lapidação, o ser compreende que até mesmo o que era visto e entendido como dor, era e é puro amor…
As dores e os ferimentos provocados pela lapidação são tratados e curados pelo amor e o ser que confia progride, se aperfeiçoa e é aperfeiçoado como se estivesse (e, de fato, está!) numa dança existencial na qual o interno e o externo são um só… a mente manhosa, infantilmente negativa e raivosa, reage, repele e rejeita porque a ela só interessa criar e reforçar a falsa percepção da dualidade, do dentro e fora, do certo e do errado, do antes e do depois…o ser lapidado, não cai nessa armadilha porque já apreendeu pela dor e pelo amor, que nada está separado, tudo é um todo indivisível…
A mente se apega a ideias, o ser a nada se apega, apenas flui e se mantém em acordo com tudo, sem julgar porque julgar é se manter na roda terrível da dualidade imaginária…
A mente foge e procrastina, o ser sabe que tudo é um movimento só no aqui e no agora…
A mente questiona se existe lapidação e para que se aperfeiçoar, o ser é total entrega ao mistério absoluto…
E agora? Você vai continuar se perguntando se seu aperfeiçoamento é um movimento que vem de dentro ou de fora do ser?-